PROCESSO DE PESQUISA

A equipe inicia sua pesquisa ainda em 2009, inicialmente formada por: Geslline Braga, antropóloga e fotógrafa; Brenda Maria dos Santos, designer e produtora na Sociedade 13 de Maio; Otavio Zucon, historiador e videodocumentarista,; Caroline Blum, cientista social;  e Vanessa Duran, antropóloga .  Já nesse momento pensou-se em abordar o patrimônio material (a casa) com o patrimônio imaterial (usos e representações de antigos e atuais freqüentadores, sócios e diretores).

Os registros sobre a temática popular em Curitiba ainda estão com um tema aberto e interessante, mesmo que ainda dispersos entre acervos públicos e particulares. Entretanto temas como festas, musica e práticas populares e não européiais ainda são pouco conhecidas pela população.  

A história da Sociedade, presente na cidade desde 1888, não era diferente. Nossa equipe inicia então a pesquisa em acervos públicos: crônicas, imagens e bibliografia. Mostrou-se necessário buscar uma problematização do contexto de formação e de desenvolvimento da Sociedade, visto que sua trajetória extende-se por duas viradas de século. 

Em 2010 a equipe se modifica, ao grupo de Geslline, Brenda, Otavio e Caroline une-se Janaina Moscal, jornalista e antropóloga.  Se de inicio a perspectiva era do espaço com um dispositivo para a identidade negra, procurou-se então saber o que é essa ”identidade”. Deu inicio a pesquisa com antigos membros, sócios e frequentadores.

Sabe-se que um “lugar” não é unicamente um espaço físico assentado. Embora aparentemente estático e concreto, é dinâmico e fluido porque se constitui pelas atividades e representações diversificadas de quem, de vez em vez, o ocupa. Sua materialidade não deixa a memória, imaterial por natureza, esvaziar-se.  Neste sentido, a Sociedade Treze de Maio funciona como um “dispositivo da lembrança”. Johanes Fabian diz que a memória, quando narrada, é ativada por fatos ou elementos, e não por uma cronologia, as narrativas se desenham em torno daquilo que importa ao narrador (Fabian, 1996, p.88). Referir-se ao lugar ou frequentá-lo, então, alude a um imaginário social que sugere uma identidade mais complexa. 

A casa guarda uma história não escrita e negada pelos livros. A importância deste documentário então está em visibilizar o lugar e trazer à tona a dinâmica, produzindo também um material que poderá ser utilizado nas escolas contribuindo à política de Educação Patrimonial. A importância de projetos viabilizados pelo poder público que contemplem lugares como este clube social é, em si, um instrumento de valorização da presença negra em Curitiba e dos atores sociais  que o ocuparam.  

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